domingo, 17 de novembro de 2013

A PAIXÃO

Pode-se dizer que a paixão é uma exacerbação do amor, o seu aspecto doentio. Dominado por esta emoção, o Homem fica cego e passa a habitar um universo ilusório, regido pelas leis da irracionalidade. Ele se vê desprovido de sua personalidade e de sua identidade, pois seduzido pela influência que o outro exercita sobre ele, funde-se ao ser amado e torna-se incapaz de usar o dom da racionalidade.
Mas a paixão também tem sua face positiva, pois ela estimula a imaginação, a criatividade, a visão onírica, inspira artistas e é a responsável pela maior parte da produção estética humana. Ela é igualmente a primeira etapa de um relacionamento entre duas pessoas, pois precede o amor, que exige um conhecimento maior e mais profundo da pessoa amada. No primeiro momento, tudo que se sabe sobre o outro é o que está impresso em sua aparência, daí a paixão estar intimamente associada à atração física, ao desejo, aos impulsos sexuais. Por essa razão, muitas vezes, amor e sexo se confundem, porque nem todos sabem diferenciar este sentimento da passionalidade.
Infelizmente a paixão pode cegar, e assim gerar ciúmes doentios, frutos da insegurança, da baixa auto-estima, da falta de confiança em si mesmo, agravados pela sensação de que todos os sentimentos nutridos até então eram nada mais do que ilusões, uma vez que pertenciam ao âmbito da paixão, não do amor. Desta forma, esta emoção pode levar as pessoas a cometerem verdadeiras loucuras, até mesmo a destruírem o ser pretensamente amado. É assim que nascem os crimes passionais, pois o apaixonado acredita ter a posse do objeto de seus desejos.

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